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Os óleos de origem mineral derivados do petróleo são fracções do petróleo bruto com altos pontos de ebulição, que variam numa ampla gama de temperaturas e são constituídos por misturas de hidrocarbonetos de elevado peso molecular, que se apresentam em estruturas mais ou menos complexas. Podemos caracterizar estes óleos de duas maneiras:
A classificação estrutural divide os óleos em quatro grupos:
Fig. 1 – Estrutura dos hidrocarbonetos aromáticos
Fig. 2 – Estrutura dos hidrocarbonetos olefínicos
Fig. 3 – Estrutura dos hidrocarbonetos nafténicos
Fig. 4 – Estrutura dos hidrocarbonetos parafínicosOs métodos analíticos dos óleos derivados do petróleo permitem classificar as várias fracções, como segue:
Os asfaltenos são misturas muito complexas e de composição muito variável de vários tipos de hidrocarbonetos, nomeadamente alifáticos, policíclicos aromáticos e compostos heterocíclicos, que contêm azoto, enxofre e oxigénio. Esta fracção tem uma cor muito escura, possui uma alta viscosidade e é insolúvel em éter de petróleo e em n-pentano. Contém na sua composição enxofre, azoto e oxigénio. O seu peso molecular varia entre 2000 e 5000 Estes compostos são muito compatíveis com a generalidade das borrachas, mas são difíceis de dispersar. Quando presentes em maiores quantidades, tornam os compostos de borracha não vulcanizada mais rígidos. Melhoram as propriedades tensão/deformação dos vulcanizados. São manchantes.
Estes tipos de compostos são obtidos dos componentes do óleo solúveis em éter de petróleo, seguida de precipitação com ácido sulfúrico a 85%. Trata-se de compostos polares e insaturados. Comunicam às borrachas pegajosidade (tack), melhoram a tensão de rotura e aumentam a dureza dos vulcanizados. Se o teor de azoto for elevado, aumentam a velocidade de vulcanização, actuando como um acelerador moderado e aumentando também a tendência dos compostos à pré-vulcanização. Actuam também como um peptizante, contribuindo para a degradação das cadeias moleculares das borrachas (Figura 5).
Fig. 5 – Estruturas de compostos polaresEsta fracção do óleo não reage com ácido sulfúrico a 85%, mas reage com o mesmo ácido numa concentração de 75%. É muito compatível com todos os tipos de borrachas insaturadas. Não é compatível com borrachas com elevado grau de saturação, como a borracha butílica (IIR) e a borracha de etileno propileno (EPM). A presença de elevado grau de insaturação das cadeias hidrocarbonadas concorre para o consumo do agente de vulcanização (enxofre), diminuindo a velocidade de vulcanização e o nível de propriedades do vulcanizado (módulo, tensão de rotura e dureza, nomeadamente). São óleos manchantes.
Esta fracção não reage nem com ácido sulfúrico a 75% nem a 85%; é precipitada apenas com oleum sulfúrico (ou ácido sulfúrico fumante), tendo uma concentração de anidrido sulfúrico (SO3) de 30%. Trata-se de hidrocarbonetos com baixo nível de insaturação. Não afectam a velocidade de vulcanização e não são manchantes.
Esta fracção não reage com ácido sulfúrico nem com oleum sulfúrico. São muito estáveis, devido ao seu elevado grau de saturação. São incompatíveis com a generalidade das borrachas, excepto com borracha butílica (IIR) e borracha de etileno propileno (EPM). Proporcionam bom processamento, nomeadamente na extrusão e na calandragem. Não são manchantes.
Num óleo para borracha, a soma das quantidades presentes de compostos polares, acidaffins A1 e acidaffins A2 é que determina a sua compatibilidade com borrachas polares e insaturadas. As composições químicas elementares, índices de refracção e densidades dos diversos tipos de fracções são mostradas no Quadro 8. Devem ser entendidas como valores típicos, já que variam com a natureza do petróleo bruto que lhes dão origem.
| Quadro 8 – Composições químicas elementares, índices de refracção e densidades dos diversos tipos de fracções |
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|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Fracção | Asfaltenos | Compostos Polares |
Acidaffins A1 | Acidaffins A2 | Parafinas | |||
| C | 85,1 | 86,1 | 90,0 | 88,8 | 86,5 | |||
| H | 8,7 | 9,3 | 7,8 | 9,6 | 15,5 | |||
| H/C% átomos | 1,23A | – | – | – | – | |||
| N | 2,5B | 5,0 | 0,3 | – | – | |||
| S | 2,0C | 0,7 | 1,9 | 0,9 | – | |||
| O | 1,7D | 0,9 | – | 0,7 | – | |||
| Índice de Refracção | – | 1,642 | 1,613 | 1,558 | 1,486 | |||
| Densidade | 1,10–1,20 | 1,08 | 1,07 | 1,01 | 0,90 | |||
Nota:
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No Quadro 9 indicam-se as percentagens dos diferentes tipos de fracções nos tipos de óleo para borracha.
| Quadro 9 – Percentagens dos diferentes tipos de fracções nos óleos para borracha |
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|---|---|---|---|
| Grupo químico | Aromáticos | Nafténicos | Parafínicos |
| Asfaltenos | < 0,75 | < 0,3 | < 0,1 |
| Compostos Polares | < 25 | < 10 | < 5 |
| Aromáticos | > 65 | 15 – 50 | < 45 |
| Parafínicos | < 20 | 45 – 75 | > 50 |
No Quadro 10 indicam-se as percentagens dos diferentes tipos de átomos de carbono (CA, CN, CP) nos tipos de óleo para borracha.
| Quadro 10 – Percentagens dos diferentes tipos de átomos de carbono, nos óleos para borracha |
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|---|---|---|---|
| Tipo de átomos de Carbono | Aromáticos | Nafténicos | Parafínicos |
| CA | > 35 | Máx. 30 | Máx. 10 |
| CN | < 40 | 30 – 45 | 20 – 35 |
| CP | < 40 | 35 – 55 | 60 – 75 |
No Quadro 11 mostra-se a relação existente entre a constante viscosidade gravidade (VGC) e os tipos básicos de óleos para borracha (aromáticos, nafténicos e parafínicos).
| Quadro 11 – Propriedades características dos óleos para borracha | |||
|---|---|---|---|
| Propriedade | Aromáticos | Nafténicos | Parafínicos |
| Constante Viscosidade Densidade Relativa (VGC) | > 0,900 | 0,850 – 0,899 | 0,790 – 0,849 |
| Viscosidade Saybolt @ 38ºC |
2600 – 15000 | 100 – 2100 | 100 – 500 |
| Densidade a 15,6ºC | 0,95 – 1,65 | 0,92 – 0,95 | 0,85 – 0,88 |
| Ponto de Anilina, ºC | 0 – 80 | 58 – 122 | 80 – 130 |
| Ponto de fluidez, ºC | -9 – 53 | -40 – 0 | -21 – 0 |
| Teor em CA, % | > 35 | Máx. 30 | Máx. 10 |
| Índice de refracção | 1,053 – 1, 065* | 1,048 – 1,065 | < 1,048 |
| Nota:
* Para óleos altamente aromáticos, o índice de refracção é superior a 1,065 |
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No Quadro 12 indica-se a compatibilidade dos diversos tipos de óleos extraídos do petróleo com os principais tipos de borrachas.

Os óleos aromáticos, devido à sua reconhecida perigosidade, têm vindo a ser substituídos por outros tipos de óleos em que o teor de aromáticos é bem mais reduzido. Inicialmente foram substituídos pelos chamados óleos DAE (Destilate Aromatic Extract). Mas estes, ainda com teor de hidrocarbonetos aromáticos superior a 35%, foram ainda considerados perigosos e foram substituídos pelos óleos TDAE (Treated Destilate Aromatic Extract), com teor em hidrocarbonetos aromáticos compreendido entre 20 e 25%. Estes, por sua vez, foram substituídos pelos chamados óleos MES (Medium Extracted Solvate), os quais possuem um teor em hidrocarbonetos aromáticos compreendido entre 10 e 15% e pelos chamados óleos RAE (Residual Aromatic Extract), que possuem um teor em hidrocarbonetos aromáticos superior a 25%. Contudo, possuem ambos um teor em policíclicos aromáticos (PCA) inferior a 3%, de acordo com as exigências da legislação europeia. Devem ser utilizados, de preferência, os óleos TDAE e MES, visto que os óleos do tipo RAE ainda possuem um elevado teor de aromáticos.
