De acordo com DIN 16922, o couro sintético é definido como “um substrato têxtil com ou sem revestimento, tendo propriedades de superfície adequadas ao uso”.
A primeira referência a couro sintético ou artificial surgiu em 1825, quando o inglês Thomas Hancock patenteou um processo para a produção de couro artificial, em que usava uma solução de borracha na ligação de uma grande variedade de fibras.
Em 1910, a empresa americana Du Pont de Nemours desenvolveu um couro artificial designado por Fabrikoid, que consistia num tecido revestido com nitrocelulose. Este material foi utilizado sobretudo em estofos, em particular no sector automóvel, então em franco desenvolvimento.
Mais tarde, na década de 40, foi desenvolvido o couro artificial baseado em polímeros vinílicos aplicados sobre um suporte têxtil; este material foi comercializado com as marcas NAUGAHIDE e PLEATHER). Este material, embora muito atractivo à vista e relativamente barato, não permite a “respiração” dos pés.
O couro sintético, tal como o conhecemos hoje, surge no ano de 1953, na sequência dos desenvolvimentos dos polímeros de poliuretano, os quais foram descobertos por Otto Bayer em 1937. Mas a sua comercialização foi feita apenas em 1963 pela empresa americana Du Pont de Nemours, com o nome de CORFAM. Este foi o primeiro couro sintético com características poroméricas. Era constituído por uma base fibrosa de fibras de poliéster e um revestimento de poliuretano. A produção e comercialização de CORFAM apenas durou sete anos e este projecto constituiu um dos grandes insucessos da empresa Du Pont de Nemours. Como desvantagens sobre o couro natural apontam-se a sua rigidez e inferior “respirabilidade”, o que provocava desconforto e um elevado aquecimento dos pés.
O couro sintético é um material poromérico (“poro”, de poroso e “mérico” de polimérico), nome dado pela empresa Du Pont de Nemours a este tipo de materiais. As suas principais características são a micro-porosidade, a adsorção e desorção de vapor e água e a sua flexibilidade, em tudo muito similares às do couro natural.
O couro sintético é em geral constituído por uma base fibrosa – geralmente um poliéster – e um revestimento superficial – geralmente um poliuretano. Assim, a estrutura de um material poromérico típico consiste de uma camada fibrosa porosa e um revestimento micro-poroso de poliuretano, que é unido à camada fibrosa e porosa por um adesivo também à base de poliuretano e também micro-poroso (Figura 9).

Os poliuretanos são, de facto, os polímeros mais importantes para o fabrico de couro sintético visto que não existe nenhum outro material que reuna as características de elevada flexibilidade, elevada resistência à fadiga, excelentes resistência ao envelhecimento, resistência à tracção e resistência ao rasgo, elevada resistência à abrasão e uma micro-porosidade adequada. Tem ainda as vantagens de ser mais leve e mais económico do que o couro natural. É um material lavável e pode também ser limpo a seco. Daí que tenha substituído o couro natural na generalidade das suas aplicações, com algum sucesso.
Alguns tipos de couro sintético são produzidos com PVC (material termoplástico); porém, como estes materiais não são porosos, não possuem as propriedades do poliuretano, são difíceis de limpar, e por isso são utilizados em muito menor escala.
O couro sintético é utilizado nos seguintes componentes do calçado, nomeadamente:
